Xique-Xique: Situação de Emergência
Lagoa de Itaparica / Ilustração.
LAYNO SAMPAIO | No dia 21 de agosto a Prefeitura Municipal de Xique-Xique publicou o Decreto nº 448/2019, declarando situação de emergência no Município. De acordo com o decreto, um dos motivos que levaram a esta situação foi o “baixo volume pluviométrico verificado no ano de 2019, em torno de 300 milímetros, que representa 50% do volume verificado em 2018, sendo que entre os meses de maio, junho, julho e agosto deste ano, ocorreu registro volume zero...”.
Em pesquisa realizada no diário oficial identificamos que nos últimos sete anos (2013 a 2019) o poder público local declarou situação de emergência por sete vezes, todas elas por motivo de estiagem/seca. Em 2013 foram publicados dois decretos, um em maio, e outro em agosto. Apenas em 2015 não houve publicação.
Isso não seria um sinal de alerta? De acordo com matéria publicada em 2016 pelo Jornal O Globo (veja aqui), uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz identificou que até 40 cidades baianas da Bacia do São Francisco são altamente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global. A seca da Lagoa de Itaparica não seria consequência desse fenômeno?
Os índices pluviométricos e a temperatura média estão diretamente relacionados com a cobertura vegetal existente. A caatinga, bioma que ocupa 11% do território nacional, e 54% do território baiano, é um dos mais ameaçados. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (confira) o desmatamento já atingiu aproximadamente 46% da sua área.
Nos últimos nove meses (dez. de 2018 a ago. de 2019) a Prefeitura Municipal de Xique-Xique autorizou a derrubada de, pelo menos, 1.407,2 hectares de caatinga, o que equivale a 14,07 Km², ou 1.970,9 campos de futebol. Isso sem falar nos desmatamentos realizados sem a anuência do poder público.
Se continuarmos neste ritmo a situação de emergência poderá ficar cada vez mais constante.
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